Antes de pensar na colheita, convém conhecer o tipo de batata que se tem entre mãos. Existem três grandes categorias no que diz respeito à época de colheita: primeiras variedades precoces, segundas precoces e cultura principal.
 
As primeiras variedades precoces, como ‘Arran Pilot’ ou ‘Foremost’, são ideais para pequenos espaços ou cultivo em recipientes. Plantadas entre o final de fevereiro e o início de maio, podem ser colhidas cerca de dez semanas depois. Já as segundas precoces, como ‘Estima’ ou ‘Wilja’, exigem um pouco mais de paciência: entre doze a dezasseis semanas.

Para quem prefere batatas mais robustas, capazes de aguentar longos períodos de armazenamento, as variedades da cultura principal — como ‘Cara’ ou ‘King Edward’ — são a escolha acertada. Estas ficam na terra até ao outono e requerem cuidados adicionais na colheita e armazenamento.

Quando colher: sinais que a terra dá

O momento certo varia, mas a planta costuma avisar. No caso das variedades precoces, a floração é o sinal de alerta: quando os caules e folhas começam a florir, as primeiras batatas estão prontas a ser colhidas. Para quem aprecia batatas novas, doces e de textura tenra, pode-se colher algumas manualmente cerca de oito semanas após a plantação, escavando com cuidado à volta da planta sem a arrancar por completo.

No caso das variedades da cultura principal, o processo é diferente. É aconselhável remover os caules e folhas cerca de duas semanas antes da colheita, permitindo que as cascas engrossem — o que contribui para uma melhor conservação.

Como colher: um trabalho de precisão

Apesar da simplicidade aparente, colher batatas exige alguma técnica. Para as primeiras variedades, o ideal é utilizar um forcado, escavando por baixo da planta e puxando o caule com cuidado para não danificar os tubérculos.

As batatas da cultura principal requerem mais paciência. Após retirar a parte aérea, os tubérculos devem ser colhidos com um garfo de jardim, deixados ao sol durante um a dois dias, e só então preparados para armazenamento. Convém não abusar da exposição solar: luz a mais transforma as batatas em verdetes pouco apetecíveis.

Cura e armazenamento: prolongar a vida da colheita

O armazenamento adequado começa logo após a colheita. Batatas furadas ou danificadas podem ser curadas — processo que envolve deixá-las em local escuro, fresco e húmido, com temperaturas entre 10 e 15 °C, por cerca de duas semanas. Este procedimento ajuda a endurecer a casca, protegendo os tubérculos e aumentando a sua durabilidade.

Para o armazenamento, evite empilhar as batatas em camadas superiores a 20 cm. O ideal é distribuí-las numa única camada, em local escuro, seco e com temperatura controlada. Sacos de serapilheira ou caixas opacas de papelão são preferíveis a contentores plásticos. Se tudo for feito corretamente, as batatas podem conservar-se durante quatro a cinco meses.

Dúvidas frequentes: o que muitos se perguntam

Pode-se utilizar batatas da própria colheita como semente? Tecnicamente, sim — desde que estejam curadas e livres de sinais de apodrecimento ou doenças. No entanto, o mais seguro é adquirir batatas certificadas, especialmente se se quiser evitar surpresas desagradáveis na próxima safra.

Outra dúvida comum prende-se com o cultivo em espaços reduzidos. Aqui, a técnica de “amontoar” faz toda a diferença: ao adicionar composto gradualmente à medida que a planta cresce, é possível multiplicar o número de batatas produzidas em cada camada.

Conclusão

Colher batatas pode parecer uma tarefa simples, mas envolve muito mais do que arrancar plantas da terra. Desde a escolha da variedade, passando pelo momento certo de colheita, até às práticas de cura e conservação, cada etapa conta. Para quem valoriza sabor, textura e durabilidade, seguir estas boas práticas não são apenas recomendáveis — são indispensáveis. Com um pouco de cuidado e atenção aos sinais da natureza, é possível transformar o quintal num pequeno celeiro de batatas saborosas, versáteis e prontas a surpreender à mesa.

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