As plantas domésticas fazem parte da decoração de muitas casas e, mais do que isso, contribuem para o bem-estar e qualidade do ar interior. Porém, nem tudo são flores — literalmente. Quando as folhas começam a apresentar manchas, deformações ou uma aparência debilitada, a culpa pode não ser da falta de água, do excesso de sol ou de um qualquer "dedo verde" inexistente. Muitas vezes, quem está por trás deste drama doméstico é um velho conhecido: o ácaro.

O que são os ácaros e por que surgem?

Não se trata de um inseto, mas sim de um aracnídeo minúsculo, praticamente invisível a olho nu. Os ácaros prosperam em ambientes quentes e secos — ou seja, exatamente as condições que muitas casas oferecem, sobretudo durante o inverno ou em ambientes com pouca humidade. Além disso, plantas já enfraquecidas por stress, falta de nutrientes ou luminosidade inadequada tornam-se vítimas fáceis para estes intrusos.

Segundo especialistas em jardinagem, como Melinda Myers e Josh Brown, os ácaros-aranha são os mais comuns em ambientes domésticos. Contudo, existem outras variantes, como os ácaros-do-ciclâmen ou os ácaros-brancos. Estes últimos não deixam teias e são ainda mais difíceis de identificar. Há também os ácaros predadores — esses, felizmente, são aliados naturais que ajudam a combater as pragas, funcionando como controlo biológico em estufas e jardins.

Como reconhecer uma infestação?

Identificar uma infestação de ácaros exige atenção aos detalhes. O primeiro sinal costuma ser a presença de pequenos pontos claros ou manchas nas folhas, resultado das perfurações que os ácaros fazem para sugar a seiva. Com o tempo, as folhas podem enrolar-se e ficar cobertas por uma fina teia.

Um método simples para confirmação é sacudir uma folha sobre uma folha de papel branco. Se pequenas partículas se moverem pelo papel, é sinal que a infestação está instalada.

Prevenir é sempre melhor do que remediar

Antes de introduzir uma nova planta em casa, convém isolá-la durante algumas semanas. Este pequeno gesto pode evitar que uma única planta infetada comprometa toda a coleção.

Manter as folhas limpas, além de facilitar a fotossíntese, ajuda a remover possíveis ácaros antes que se multipliquem. Para folhas lisas, basta um pano húmido; para folhas felpudas, um pincel macio.

Criar um ambiente saudável é outro passo essencial. Plantas menos stressadas resistem melhor às pragas. Para isso, garantir a quantidade certa de luz, água e nutrientes faz toda a diferença.

E já que os ácaros detestam humidade, aumentar a humidade relativa em torno das plantas, seja agrupando-as ou usando pires com água, também ajuda a mantê-los afastados.

Quando o mal já está feito: como eliminá-los?

Se a infestação já começou, há várias estratégias eficazes:

• Água e sabão: lavar cuidadosamente as folhas com uma mistura suave de detergente e água pode remover uma boa parte dos ácaros. É essencial enxaguar bem a planta depois para evitar danos.
• Óleos hortícolas: produtos como o óleo de neem são eficazes por contacto, sufocando os ácaros. A aplicação deve ser feita em toda a planta, incluindo a parte inferior das folhas, e pode ser necessário repetir o tratamento.
• Pulverização com água: um jato forte de água pode desalojar os ácaros, mas a eficácia é limitada e exige persistência — uma só aplicação não chega.
• Aliados naturais: em espaços exteriores, os predadores naturais, como as joaninhas, podem ajudar a controlar a praga.

Conclusão

Os ácaros são, de facto, um adversário difícil para quem cuida de plantas domésticas. Pequenos, discretos e rápidos a multiplicar-se, podem transformar uma coleção saudável numa paisagem desolada. Contudo, com vigilância, medidas preventivas e algumas ações bem direcionadas, é possível mantê-los sob controlo. Afinal, como em quase tudo na jardinagem — e na vida — vale mais prevenir do que remediar.

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