O mito do tubarão assassino está bem instalado na cultura popular. Mas será que corresponde à realidade? Descubra por que razão os tubarões são muito menos perigosos — e muito mais importantes — do que aquilo que se pensa.
Poucas criaturas conseguem provocar tanto medo como os tubarões. Desde o icónico filme Tubarão até às habituais histórias sensacionalistas, a imagem do predador implacável parece estar colada a estes animais. Contudo, como tantas outras ideias feitas, esta também não resiste a um olhar atento. Os tubarões, afinal, são mais vítimas da má fama do que propriamente caçadores de seres humanos.
Os números não mentem: os ataques de tubarão são extremamente raros e as fatalidades ainda mais. Mesmo assim, o medo persiste e impede muita gente de aproveitar o mar em segurança. Neste artigo, desmistificam-se os principais receios e apresenta-se o verdadeiro papel destes animais no equilíbrio do ecossistema marinho.
1. A maioria dos tubarões não representa qualquer perigo
Ao ouvir a palavra “tubarão”, é quase inevitável imaginar dentes afiados a rasgar tudo pela frente. Porém, a realidade está longe dessa imagem. Existem mais de 400 espécies de tubarões no mundo, desde o minúsculo tubarão-lanterna-anão — que cabe na palma da mão — até ao colossal tubarão-baleia, um pacífico gigante que se alimenta de plâncton.
A esmagadora maioria das espécies não ataca seres humanos. Três, talvez quatro, estão associadas à maioria dos incidentes registados: o tubarão-branco, o tubarão-tigre e o tubarão-touro. Mesmo estas, longe de serem máquinas assassinas, preferem evitar encontros connosco. Em muitos destinos turísticos, como as ilhas Fiji ou a costa sul-africana, é possível mergulhar com estes predadores sem qualquer gaiola — e sem problemas.
2. Os humanos não fazem parte do cardápio dos tubarões
Os tubarões existem há centenas de milhões de anos e, nesse tempo todo, nunca desenvolveram gosto por carne humana. Na verdade, a maioria prefere presas ricas em gordura, como focas e atuns. Ataques a pessoas, quando acontecem, devem-se mais à curiosidade do que à fome.
Sem mãos, os tubarões recorrem à boca para explorar o que lhes desperta interesse. Infelizmente, uma “dentada exploratória” pode ter consequências trágicas, mas raramente são ataques deliberados. Aliás, em muitos casos, o tubarão morde uma vez e afasta-se. O problema está no trauma e na perda de sangue.
3. Há perigos bem maiores do que os tubarões
Vá para a praia sem medo. As estatísticas são esclarecedoras: há mais probabilidade de morrer devido a um coco a cair de uma palmeira, de um acidente de barco ou até mesmo de uma máquina de venda automática do que devido a um ataque de tubarão.
O risco de afogamento, esse, sim, é real e bem mais preocupante. E se acha que as cidades são mais seguras, lembre-se que, durante alguns anos, na década de 80, em Nova Iorque, foram reportadas mais de seis mil mordeduras humanas. Comparando com as poucas dezenas de ataques de tubarão em todo o território dos EUA no mesmo período, a escolha parece simples.
4. É possível reduzir ainda mais o risco de ataque
Para quem gosta de precaver, há dicas simples: evitar nadar ao amanhecer e ao anoitecer, quando os tubarões estão mais ativos; não usar objetos brilhantes dentro de água; preferir fatos escuros e evitar cores que façam contraste com o mar.
Os surfistas e os mergulhadores de superfície correm um pouco mais de risco, já que a silhueta vista de baixo pode confundir os tubarões. Mas, mesmo assim, a probabilidade de um encontro desagradável é mínima. E o velho mito de que os tubarões são atraídos pelo sangue menstrual ou pela urina não passa disso mesmo — um mito.
5. O verdadeiro perigo é para os próprios tubarões
Enquanto os humanos temem os tubarões, os tubarões têm boas razões para temer os humanos. Estima-se que todos os anos sejam mortos cerca de 100 milhões de tubarões, vítimas sobretudo da pesca intensiva e da cruel prática de remoção de barbatanas.
O impacto é brutal. Em apenas um século, desapareceram mais de 90% das populações de algumas espécies. Este massacre compromete não só a sobrevivência dos tubarões, mas todo o equilíbrio da vida marinha. Sem predadores de topo, os ecossistemas ficam desequilibrados, com consequências que ninguém consegue prever totalmente.
Conclusão
O medo dos tubarões deve mais ao cinema e às histórias sensacionalistas do que à realidade. Longe de serem monstros sanguinários, os tubarões são peças fundamentais no equilíbrio dos oceanos e representam um perigo real apenas quando os humanos se esquecem de respeitar as regras básicas da natureza.
Antes de decidir manter-se longe do mar, pense bem: não seria mais justo temer os plásticos, a pesca descontrolada ou até os próprios humanos? Afinal, os tubarões estão em risco… e não são eles que nos caçam.
Foto: Freepik
Colaboração de Buzouro
Publicado há 3 meses | Atualizado há 1 mês
Buzouro promove um estilo de vida equilibrado, sustentável e positivo através de práticas diárias que contribuem para o bem-estar individual e coletivo.
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