A investigação, realizada por uma equipa do Wellesley Centers for Women, revela que os adolescentes que convivem com cães tendem a sentir-se menos isolados e mais confiantes nas interações sociais, tanto no mundo físico como no digital. Embora qualquer animal de estimação possa oferecer companhia, os dados indicam que os cães desempenham um papel único na construção de vínculos emocionais profundos e duradouros com os jovens.

O cão como fonte de apoio emocional

Os cães são conhecidos pelo seu comportamento leal, previsível e carinhoso. Para um adolescente, lidar com as exigências da escola, das redes sociais e das dinâmicas familiares pode ser um desafio. Ter um cão como companhia oferece um refúgio emocional, onde não há julgamentos nem expectativas. Estes animais tornam-se uma fonte estável de afeto e aceitação, características fundamentais para enfrentar momentos de ansiedade, tristeza ou solidão.

Porém, muitos adolescentes recorrem instintivamente ao contacto com os seus cães quando se sentem mais vulneráveis. A interação com o animal promove uma sensação de calma e segurança, funcionando como uma estratégia natural para lidar com o stress. Este tipo de vínculo fortalece a capacidade do jovem de lidar com as adversidades e promove o desenvolvimento de comportamentos positivos de coping.

Influência positiva nas interações sociais

Outro dado relevante do estudo aponta que os adolescentes com uma ligação mais próxima aos seus cães tendem a demonstrar maior empatia e disponibilidade para apoiar os outros, inclusive no ambiente digital. Participam mais ativamente nas redes sociais, oferecendo apoio emocional aos amigos, mesmo em contextos mais delicados ou sensíveis. Isto sugere que a convivência com animais pode cultivar competências sociais e emocionais importantes, como a empatia, a escuta ativa e a solidariedade.

Os cães também funcionam como catalisadores sociais. Um passeio com o animal pode transformar-se numa oportunidade de interação com outras pessoas, funcionando como uma espécie de "ponte social". Para adolescentes mais tímidos ou retraídos, esta presença pode ser o incentivo necessário para iniciar conversas, criar laços e desenvolver habilidades de comunicação.

O impacto nas rotinas e na autoestima

Cuidar de um cão envolve responsabilidade e constância. Alimentar, passear, escovar e brincar com o animal exigem tempo e dedicação. Estes hábitos, quando incorporados à rotina dos adolescentes, contribuem para o desenvolvimento do sentido de responsabilidade e estrutura. Ao mesmo tempo, ajudam a melhorar a autoestima, ao proporcionar uma sensação de utilidade e competência.

Muitos jovens também escolhem apresentar os seus cães nas redes sociais, partilhando fotografias e momentos do dia a dia. Estas publicações não servem apenas para entreter; elas fazem parte da construção da identidade do adolescente, refletindo valores, afetos e aspectos importantes da sua personalidade.

Um vínculo com benefícios duradouros

As investigadoras responsáveis pelo estudo, Linda Charmaraman e Megan K. Mueller, sublinham que os benefícios da convivência com cães vão além da adolescência. A relação com o animal pode evoluir ao longo do tempo e continuar a desempenhar um papel relevante na vida adulta. Mais do que simples companhia, os cães oferecem um modelo relacional baseado na confiança, afeto e reciprocidade.

Para muitas famílias, reconhecer a importância dos animais na vida dos adolescentes pode ser o primeiro passo para fortalecer os laços familiares e promover um ambiente mais equilibrado e saudável. Quando os jovens se sentem compreendidos e apoiados, seja por pessoas ou por animais, desenvolvem uma maior capacidade de enfrentar os desafios da vida com resiliência e confiança.

Este estudo reforça a necessidade de valorizar o papel dos cães não apenas como animais de estimação, mas como parceiros no crescimento emocional e social dos adolescentes. São amigos silenciosos, mas profundamente presentes, que ajudam a construir uma base sólida de bem-estar, empatia e conexão com o mundo à volta.

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