Sete erros comuns ao usar aquecedores nos dias mais frios
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Resumo
Nos meses mais frios, o aquecedor portátil torna-se um aliado quase indispensável — mas também um potencial perigo silencioso. Um erro aparentemente inofensivo pode transformar o conforto térmico em tragédia. Descubra como manter-se quente sem pôr em risco a casa, a família ou a fatura da eletricidade.
É inevitável: quando o termómetro desce e o vento corta como lâmina, a tentação de ligar aquele aquecedor portátil que vive no armário desde abril torna-se quase irresistível. E porquê resistir? Afinal, ele promete calor imediato, sem burocracias nem obras. O problema é que, por detrás dessa simplicidade, esconde-se um risco real — e muitas vezes subestimado. Em Portugal, os incêndios domésticos duplicam no inverno, e uma boa parte desses incidentes está diretamente ligada à má utilização de equipamentos de aquecimento. Não se trata de alarmismo, mas de estatísticas: em apenas alguns meses do inverno de 2018, registaram-se 39 vítimas ligadas ao aquecimento doméstico. Por isso, antes de carregar no botão “on”, vale a pena parar, respirar fundo e perguntar: este aquecedor está a aquecer-me ou a arriscar-me?
1. Escolha o local certo
Onde coloca o aquecedor importa tanto quanto o próprio aparelho. A regra básica é simples: 90 centímetros de distância mínima de qualquer material inflamável — cortinas, sofás, tapetes, roupas secas penduradas, livros empilhados. O aquecedor deve repousar sobre uma superfície plana, firme e não combustível. Um piso de madeira antigo ou um tapete de lã grossa, por mais acolhedores que pareçam, não são opções seguras. E atenção redobrada em cozinhas e casas de banho: o contacto com água — mesmo vapor — pode resultar em choque elétrico. Um aquecedor não é um eletrodoméstico para improvisos; é um dispositivo que exige respeito pela física, pela eletricidade e, claro, pela gravidade (sim, tombá-lo é mais comum do que se imagina).
2. Escolha o tamanho apropriado para o seu espaço
Um mito persistente é que “quanto maior, melhor”. Na realidade, um aquecedor desproporcionado não aquece mais — aquece pior e consome mais. A potência ideal é calculada com base na área: cerca de 10 watts por metro quadrado. Para uma divisão de 14 m² (comum em muitos quartos portugueses), um modelo de 1.500 watts é suficiente — e frequentemente, o máximo seguro para uma tomada doméstica padrão. Mais do que isso, e arrisca-se sobrecarregar a instalação elétrica, especialmente em edifícios antigos, onde os circuitos já têm décadas de serviço.
3. Ignore os cabos de extensão, mesmo que pareçam perfeitos
Ligar um aquecedor a uma extensão é como oferecer um café quente a um equilibrista: tudo parece bem, até que algo falha. Cabos de extensão, mesmo os grossos e “industriais”, não foram pensados para suportar a carga contínua de 1.500 watts durante horas. O sobreaquecimento do cabo, a deterioração do isolamento e, em casos extremos, o início de um incêndio na própria parede são riscos reais. A solução? Ligue o aparelho diretamente à tomada. Se a tomada mais próxima está longe, talvez a divisão não seja o local adequado — ou o aquecedor, o equipamento indicado.
4. Nunca deixe o aquecedor sem vigilância
Um aquecedor ligado durante a noite é como uma panela ao lume com a chama no máximo: funciona, até que alguma coisa se interpõe — uma corrente de ar, um animal curioso, uma peça solta do móvel ao lado. O ideal é desligá-lo antes de dormir ou sair de casa. Caso precise de calor contínuo (por exemplo, durante uma falha no sistema central), opte por modelos com temporizadores ou controlo remoto: alguns permitem programar o desligamento automático ao fim de duas horas, ou desligam-se sozinhos se detetarem sobreaquecimento.
5. Teste os detetores de monóxido de carbono — sim, mesmo nos elétricos
Aqui há um detalhe importante: aquecedores elétricos não emitem monóxido de carbono — mas muitas pessoas confundem-nos com modelos a gás, a querosene ou a bioetanol, que sim emitem. Se houver qualquer equipamento de combustão na casa (lareira, estufa, caldeira), um detetor de CO é obrigatório. E, como qualquer equipamento de segurança, deve ser testado mensalmente. Um bip de verificação dura dois segundos; um incêndio ou intoxicação, uma vida inteira.
6. Evite modelos antigos ou defeituosos
Um aquecedor com mais de dez anos é um monumento à nostalgia — e um risco crescente. O isolamento dos cabos degrada-se com o tempo, os termostatos perdem precisão, os sensores de segurança falham. Uma inspeção visual rápida antes do inverno pode evitar desastres: fios expostos, cheiro a queimado ao ligar, ruídos anormais ou superfícies que aquecem em demasia são sinais de alerta. Não tente reparar em casa. A regra é clara: se suspeita, substitua.
7. Dê prioridade aos dispositivos inteligentes e certificados
Hoje em dia, muitos aquecedores incluem funções que não são luxos, mas salvaguardas: desligamento automático por tombamento, sensores de temperatura interna, carcaças frias ao toque e materiais retardantes de chama. Procure selos de certificação como ETL ou CE (em Portugal, o símbolo CE é obrigatório, mas nem sempre garante testes rigorosos — marcas com certificação adicional, como a NP EN 60335-2-30, merecem mais confiança). E sim, “inteligente” pode significar mais do que conectividade: pode significar que o aparelho pensa por si quando está distraído.
Bónus: o modo Eco é o seu melhor aliado
Além da segurança, há a sustentabilidade — e a carteira. Um aquecedor a 1.500 watts, ligado oito horas por dia, consome, em média, 84 kWh por semana. O modo Eco ajusta a potência consoante a temperatura ambiente, evitando picos desnecessários. A poupança pode chegar a 50%, sem sacrificar o conforto. Em tempos de preços voláteis da energia, esta não é apenas uma vantagem — é uma necessidade.
Conclusão
Aquecer a casa não deve ser um ato de coragem, mas de cuidado. O inverno pede aconchego, sim — mas não a custo da segurança. Cada uma destas sete dicas não é uma restrição, mas uma forma de alargar o tempo que tem com as pessoas que ama, em vez de o encurtar com um descuido evitável. Um aquecedor bem utilizado não é um perigo: é um símbolo de que é possível viver com tecnologia, sem esquecer o bom senso. E, no final do dia, o calor mais valioso não vem de uma resistência elétrica — vem da tranquilidade de saber que tudo está no sítio certo.
Foto: Freepik Curadoria: Buzouro Autoria do Texto Original: Joshua Gunn, vice-presidente da DREO Data de publicação original: novembro de 2023
Buzouro promove um estilo de vida equilibrado, sustentável e positivo através de práticas diárias que contribuem para o bem-estar individual e coletivo.
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