Separar o lixo já se tornou hábito para muitos portugueses. É fácil assumir que todo o plástico tem lugar garantido no contentor amarelo, mas a realidade é bem diferente. A verdade é que nem todo o plástico é igual, nem todo pode ou deve ser reciclado. A questão não está apenas na boa vontade, mas nas limitações dos processos de triagem e tratamento. Há tipos de plástico que simplesmente não têm viabilidade económica ou técnica para serem reciclados com eficácia. E, pior ainda, colocá-los no ecoponto pode até contaminar todo um lote de materiais recicláveis.
Se o objetivo é contribuir para um planeta mais limpo e sustentável, o melhor é conhecer os erros mais comuns — e evitá-los.
1. Cortinas de duche em plástico
O vilão aqui é o PVC (plástico nº 3). Apesar de flexível e resistente, o PVC é difícil de reciclar e contém aditivos que o tornam ainda menos desejável para os centros de tratamento. Muitas cortinas anunciam-se como feitas de materiais recicláveis, mas o mais comum é virem combinadas com componentes não recicláveis. A solução? Opte por alternativas em tecido lavável ou simplesmente reforce o uso de revestimentos que possa reutilizar.
2. Sacos de compras de plástico
Muito comuns, mas altamente problemáticos. Os sacos de plástico ultrafinos (plástico nº 4) tendem a enrolar-se nas máquinas de triagem e acabam por causar paragens e avarias. Alguns supermercados recolhem-nos em pontos próprios, mas o ideal continua a ser evitá-los por completo. Sacos reutilizáveis de pano ou ráfia continuam a ser a opção mais sensata.
3. Recipientes de plástico para take-away
Nem tudo o que vem do restaurante deve ir para a reciclagem. Os recipientes de comida para viagem, em especial os de plástico preto, são quase sempre rejeitados. Fabricados com plásticos nº 5 (PP) ou nº 6 (PS), são raramente aceites — e, se estiverem sujos, menos ainda. O pior é que, ao entrarem no sistema, contaminam os outros materiais recicláveis. A dica aqui é clara: evite este tipo de embalagens sempre que possível ou reutilize-as em casa para armazenar objetos.
4. Filme plástico e sacos com fecho zipper
Mesmo código (#4), mesmo problema. O filme aderente e os sacos de plástico para alimentos têm baixa densidade, são difíceis de processar e comprometem rapidamente os equipamentos de triagem. A boa notícia? Existem soluções reutilizáveis: películas de cera de abelha, sacos de silicone ou caixas herméticas em vidro, ou inox.
5. Utensílios e palhinhas de plástico
Pequenos no tamanho, grandes na complicação. São normalmente feitos dos plásticos menos recicláveis (#5 e #6) e, devido ao tamanho, não chegam a ser captados nas linhas de separação. Juntando a isso a sujidade de alimentos e bebidas, o destino é quase sempre o aterro. A recomendação é simples: substituir por versões reutilizáveis em bambu ou aço inoxidável, mais amigas do ambiente e mais elegantes.
6. Tampas de garrafas de plástico
Durante muito tempo foram consideradas não recicláveis. A razão era simples: as tampas, feitas de PP (#5), são de um plástico diferente das garrafas (normalmente PET, #1). Hoje em dia, muitos centros de reciclagem aceitam as tampas se forem colocadas novamente na garrafa antes de esta ser descartada. Mas o conselho é sempre o mesmo: informe-se localmente, pois nem todos os centros seguem as mesmas regras.
Conclusão
Reciclar bem é mais do que separar o lixo. É conhecer os materiais, entender os seus códigos e respeitar as capacidades reais do sistema de reciclagem. A boa intenção, por si só, não basta. Ao evitar colocar no ecoponto os plásticos errados, está a proteger a eficiência da reciclagem e a contribuir ativamente para um futuro com menos desperdício.
A responsabilidade ambiental começa em casa, e as escolhas do dia a dia — por mais pequenas que pareçam — fazem toda a diferença. Reutilizar, reduzir e repensar os consumos são gestos mais eficazes do que encher o contentor amarelo sem critério. Afinal, reciclar não é um fim em si. É apenas uma parte da solução.
Foto: Freepik
Colaboração de Buzouro
Publicado há 2 meses | Atualizado há 5 dias
Buzouro promove um estilo de vida equilibrado, sustentável e positivo através de práticas diárias que contribuem para o bem-estar individual e coletivo.
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